Caminhe e medite

caminhar - eucaliptos na janela - solange maiaDurante a caminhada é possível aliviar a mente. Aprenda como dominar sua ansiedade

Há um jeito simples de evitar a ansiedade do dia a dia: meditar andando. “Quando praticamos a meditação andando, nossas queixas e preocupações desaparecem e descobrimos a vida”, diz em seu livro Meditação Andando o monge vietnamita Thich Nhat Hanh, grande divulgador da prática. O que ele quer dizer é que, quando andamos, devemos simplesmente andar e contemplar o momento presente. O grande desafio é levar essa prática para as ruas movimentadas da cidade e aos corredores do trabalho, não é?

Primeiro passo

A monja budista Coen explica que andar com mais pessoas tem lá suas vantagens. “Quando estamos em grupo, ele serve como um apoio, um incentivo para a prática. O importante é perceber que nossa vida está no lugar onde estamos e não naquele para onde vamos – ela está onde nossos pés estão”.

Foi isso que perceberam os monges budistas há cerca de 2 mil anos: durante os intervalos das meditações sentadas eles saíam para andar e, assim, aliviar as pernas, que ficavam muito tempo paradas. E viram que, durante a caminhada, também era possível aquietar a mente – que é o objetivo da meditação.

Respiração consciente

Antes de sair batendo perna por aí, saiba que existem alguns conselhos preciosos para a meditação andando dar certo. A postura é importante: mantenha sempre o quadril encaixado e a coluna ereta. Com o corpo relaxado, preste atenção na respiração – ela é um elo entre o corpo e a mente.

Durante a caminhada, um exercício simples é, ao inspirar, dizer para si mesmo “inspirando” e, ao expirar, dizer  “expirando”. Outra técnica é contar os passos dados a cada movimento respiratório. Não tente controlar nem se esforçar. Deixe seus pulmões dizerem o tempo e a quantidade de ar que precisam para um caminhar suave e confortável. A duração da inspiração não tem que ser a mesma da expiração. Evite conversar, para não dispersar.

Mantenha o olhar para a frente e, caso fique com vontade de ver alguma coisa, pare, contemple e depois continue com a caminhada. Mas o que fazer com os pensamentos que pipocam na cabeça?  “Os pensamentos surgem, você os observa e depois volta para o momento presente”, disse Coen. “A impressão que as pessoas têm é que a gente desliga do resto, mas é o oposto: sentimos a presença de tudo, com todos os canais de percepção abertos, mas sem julgar”.

caminhar-na-areiaDesacelerar o passo

Thich Nhat Hanh diz que, como os bebês, precisamos aprender a andar de novo – de maneira mais vagarosa, com mais alegria e naturalidade. “Se prestar atenção, poderá observar todas as preocupações e ansiedades das pessoas impressas no chão. São passos pesados”, diz o monge. Um jeito de reeducar cada passada é ficar atento ao contato dos pés com o solo.

Não importa tanto a velocidade dos passos: você pode andar lentamente, pé ante pé, e sua cabeça estar num tumulto, ou andar mais rápido e sentir prazer nisso. O importante é estar consciente. O monge Phap Nhan disse que uma maneira de saber se você está praticando bem é sentir muito prazer ao caminhar.

Thich Nhat Hanh

Em todos os livros do monge há um ensinamento que é sempre destacado: a importância da conscientização de cada ato da nossa rotina diária. Para ele, a meditação não se dá apenas nos centros, mas nos pequenos atos do dia-a-dia. Thich Nhat Hanh é um grande exemplo com sua própria história de vida. Nasceu no Vietnã em 1926 e foi ordenado monge zen-budista com apenas 16 anos. Durante a guerra no Vietnã, renunciou ao isolamento monástico para ajudar seu povo ativamente. Criou junto a um grupo de professores e estudantes universitários a Escola da Juventude para o Serviço Social, na qual equipes de jovens ajudavam a fundar nos campos escolas e clínicas de saúde e a reconstruir os lugarejos destruídos pela guerra. Trabalhou pela conciliação entre o Vietnã do Norte e o do Sul, o que o levou ao exílio em 1966. Viajou pelo mundo para conversar com líderes em defesa da paz e seus ideais fizeram com que Martin Luther King o indicasse para o Prêmio Nobel da Paz em 1967.

Fonte: Vida Simples

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